terça-feira, 19 de abril de 2011

O direito humano de viver

A educação para o respeito aos direitos humanos deveria ser o conteúdo mais básico, essencial, fundamental e inicial de qualquer processo educativo. Afinal de contas, respeitar a(o) outra(o) pela simples condição de ser uma pessoa “igual a mim” (humana), deveria ser a primeira e mais importante das aprendizagens da vida de qualquer pessoa.

Entretanto, em alguns momentos da história, só era respeitado como ser humano quem era livre (como contraposição às(os) escrava(os); quem era rico (como contraposição) às(aos) pobres; quem era da religião oficial (como contraposição) às(aos) pagãs(os).

Por exemplo, em 1500, ao invadirem os territórios dos povos indígenas no Brasil, as(os) portugueses tinham dúvidas quanto à humanidade das(os) que aqui viviam, pois não eram seguidores da religião católica, não falavam a língua, não se vestiam, nem se comportavam como os europeus.

Foi preciso um longo processo de discussões, de consensos e de disputas para se concluir que a humanidade de cada indivíduo não está na sua riqueza, na sua língua, no jeito de se vestir, na sua condição social, na sua raça, na sua religião, ou em qualquer outra característica pessoal e subjetiva. O simples fato de sermos humanos nos torna merecedores de direitos universais que devem ser assegurados a todos e todas.

Mas, do jeito que o mundo avança, temos a impressão de que o ser humano vale pouco diante dos interesses dos grandes grupos econômicos, do descaso para com as crianças, dos poderes de guerra dos países ricos - e da forma como eles se comportam em relação aos países pobres - e dos ricos, mesmo de países pobres, que pensam ser mais importantes do que as pessoas pobres de seu país.

Para compreender os direitos humanos é preciso olhar o mundo com um olhar humano. Para afinar este olhar é preciso estudar, aprender, participar e incorporar esta visão na família, no trabalho, na escola, na comunidade, no grupo de amigos, no esporte e em todas as dimensões de nossa vida.

A vontade de consumir tudo o que a gente vê, como roupas, comidas, jogos, filmes, bebidas; e a tentação de querer ser melhor que os outros, são padrões de comportamento impostos pela nossa sociedade que atrapalham nosso olhar humano e transformam nossas relações em interesses que se sobrepõem a valores universais como a solidariedade, o senso de justiça e o respeito às diferenças e à diversidade.

Neste sentido, a educação em direitos humanos é o maior desafio a enfrentar para superar o preconceito, a discriminação e as desigualdades sociais, pois não se trata apenas de conhecer os direitos humanos. Trata-se de transformar a sociedade em um novo mundo, mais justo e igualitário, que tenha os direitos humanos como base.

Fonte: Revista Viração, nº 34, Ano 5, p. 25